sábado, 30 de maio de 2009

Juliana's Secret

O segredo é ser sexy sem ser vulgar, disse a Juliana-Loira, enquanto borrifava seu Victoria's Secret pelo corpo e escolhia um lenço bacana assim pra dar um truque no sobretudo preto. Juliana-Loira virou evangélica na esperança de arranjar um namorado decente. Mas ela não tem saco para os cultos. Cê ficou sabendo da menina que pegou a Doença do Morto? Gente, to pá-sá-dá! Foi assim: diz que o namorado matou a namorada depois comeu a namorada morta (!) e aí ele pegou e foi pra micareta, na micareta ele pegou e comeu outra menina que pegou a Doença do Morto! Será que é verdade? Com o lenço ou sem o lenço? Juliana é sexy sem ser vulgar. Sabe se vestir adequadamente para cada tipo de ocasião. Ela tem seu próprio dinheiro, mas mora com os pais pra não ficar mal falada. Acha melhor fazer essa linha porque homem tá difícil hoje em dia, amore. Metade virou viado, metade só quer putaria. Nossa, tô puta! O lenço prateado com um toque indiano caiu melhor. A gente deve seguir as tendências, mas sem perder o estilo pessoal, sabe? Tem que ser sexy sem ser vulgar.

a.p.

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O Sol Que Me Ilumina

Juliana me conte como foi o seu dia no São Pedro
E se as crianças já estão aprendendo
Juliana me conte como foi o seu estágio na Restinga
E se os funcionários estão com tudo em cima

Juliana me conte como foi o seu ensaio de teatro
E se o roteiro já está programado
Suas palavras me levam sempre ao paraíso
Onde o sol que me ilumina é o seu sorriso

Juliana me fale a teoria do seu Sigmund Freud
Aquele velho louco e cheirador
Juliana me fale sobre Júpiter em oposição ao sol
E de saturno em quadratura com a lua

Juliana me fale um pouco sobre as sociedades primitivas
E o homem no princípio do universo
Suas palavras me levam sempre ao paraíso
Onde o sol que me ilumina é o seu sorriso

Wander Wildner

Conversa Paralela

Geléia geral de menta ou damasco. Aviões invisíveis, cavalos alados. As pequenas misérias da vida são sempre as mais perturbadoras. Elas sempre voltam. Mesmo que sejam picadas em mil pedacinhos como cartas não enviadas. Voltam como mágica nas horas e das formas mais impróprias. Como nos filmes do Jason que nunca morre. Assim são as justificativas. Universos e conversas paralelas. Como nos filmes do Jason: não adianta correr, os orelhões nunca funcionam, os fios estão sempre cortados. Não adianta gritar, nem espernear. É tudo de mentirinha. Atravessar paredes, saltar abismos. Desintegrar monstrinhos com Raio Laser. Ventiladores girando. Apagadores voando na testa. Acabou a festa, Baby. Durma com os Anjos.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vitinho

Enquanto cortava as unhas do pé com um trim no banco de trás do Chevette bege, Vitor pensava num jeito de não bombar em Educação Física. Um menino no farol, devia ter sua mesma idade, vendia um algodão doce muito rosa. Vitor lembrou-se das bochechas rosadas do gordinho da sua classe. Ele, pelo menos, servia para goleiro. Não que fosse bom goleiro, mas por ser péssimo em tudo, aprendeu a ser um bom gordinho e um bom goleirinho. Claro que por força do destino. Vitinho cortava as unhas no Chevette e no fundo sentia inveja do gordinho: do seu jeito, gordo, atrapalhado, Denis tinha uma função. Quanto ao Vitinho, detestava escola, professor, merenda, inspetora, hino nacional, Educação Física e futebol. Gostava mesmo era de inventar brincadeiras com seus amigos. Brincadeiras sem regras e sem uniformes. Todo dia se metia em encrenca. Vitinho adorava encrenca. Mas nada de juízes, apitos e regras. Vitor não era bom com os pés, não era bom de bola, não tinha samba nos pés. Tinha samba nas mãos. Seu negócio era com as mãos. Fazia engenhocas, inventava brinquedos... Vitor gostava de cortar as próprias unhas e não dava bola pra vitória.

Ariel Pádua

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Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir

Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha

(...)

Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva...

Arnaldo Antunes/Alice Ruiz

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Erasure - A Little Respect
http://www.youtube.com/watch?v=x34icYC8zA0

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Simples-cidade

Foram “apenas” quatro meses, mas poderia escrever sobre eles o resto da vida. Se quisesse, mas creio não querer. É que na verdade nunca me senti parte daquilo que chamam de cidade. Não me viciei. Refiro-me à São Paulo, Sampa. Uma cidade que não me deixou saudades: somente materiais para análise e fotografias. Saudade, da cidade em si, definitivamente, não preciso explicar mais nada. A cidade se explica e se complica. Saudades tenho (isto já está virando um fado) das cidades do sul. Simples-cidades. Pequenos oásis de gente bonita, simples e educada. Jardins, corujas, gentilezas, sorrisos, sotaques, beijos, abraços, bom dia, boa tarde, boa noite. Florianópolis, Floripa. A cidade dos jovens, dos “adultecentes-peter-pans”, das bruxas, dos gringos. Ilha dos paulistas e gaúchos. Ilha dos “manézinhos da ilha” que nada tem a ver com os “manés” cariocas. São simples, doces e diretos: se querex, querex, se não querex, dix.

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“Naquelas épocas e naqueles lugares, o que parecia, era, e o que era, parecia”.
José Saramago

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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Jesus Luz fake do Twitter

1. “agarradinho com a madonna no sofá vendo um documentário sobre a cabala… ela fica puta qnd eu peido embaixo do cobertor. hahaha”

2. “comprei um hot dog e tô aqui comendo com as empregadas da madonna. uma é chilena, outra é mechicana e uma é brasilêra. todas show de bola!”

3. “fazendo miojo só de cueca e ouvindo “like a prayer”…

4. “festona foda ontem no Met. comi muita empadinha e ainda levei um monte de brigadeiro na bolsa da madonna. ela ficou puta pq sujei o cel dela”

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BATMAN X HERA VENENOSA

domingo, 24 de maio de 2009

Jussara na hora

No mundo há pessoas boas e pessoas más (Gilberto Braga tem toda a razão). Sim. Há pessoas boas e más, e quem já sentiu na pele sabe o que estou falando. Mas há os bonzinhos, sim, há os bonzinhos, e, entre eles, estão todos os confusos, os perdidos, os inseguros, os covardes, os fúteis, os invejosos: todos bonzinhos que são maus nas horas vagas. “A ocasião faz o ladrão”, dizia a minha avó. “Foi sem querer querendo”, dizia o Chaves na televisão. É mais ou menos isso que acontece quando todos os liquidificadores do mundo batem ao mesmo tempo. Jussara escolhe o seu suco pela cor, beterraba, vermelho-sangue e bebe, triunfante, enquanto escuta uma voz que parece vir do céu: JUSSARA SUA HORA CHEGOU. Então se lembra que precisa desligar o gás e dar duas voltas na chave da porta dos fundos. Jussara atingiu um nível de lucidez tão alto que a vida tornou-se um jogo idiota. Foi deitar-se, serena, esperando os efeitos dos remédios. Desmaiou nas trevas da inconsciência e dormiu morta. Sonhou com homens nus tomando banho entre cenas dos seus filmes favoritos: Psicose e Poltergeist. O chuveiro, o sangue de chocolate, a tevê fora do ar, a garotinha engolida pela tevê. Toca o despertador. Jussara acorda na hora, prepara uma vitamina com um pouco de granola e vai trabalhar. No silêncio sagrado do metrô, ela vai pensando na vida, no que fazer no seu único dia de folga semanal. Seu salário acabou. Não vai dar pra visitar o filho que mora com o pai em Diadema, não vai dar pra tomar um vinho barato argentino, não vai dar pra se jogar na Loca. Não vai dar.


*

DO COMEÇO AO FIM
http://www.youtube.com/watch?v=3DVa2DKSnU0

sábado, 23 de maio de 2009

Gafanhotos e Mel

João usava uma vestimenta de pêlos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins.
Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.

O Evangelho Segundo São Mateus

Anjos da Lei

“Feira moderna, convite sensual, ó telefonista, a palavra já morreu” – cantava o rádio ou a vitrola de Campinas (ou talvez São José dos Campos) em 1983, se não me falham os cálculos. Eram tempos estranhos, gelados. O chão de tacos da casa ou do apartamento. Eu era sempre o primeiro a acordar e a TV era a minha primeira companhia do dia. Os heróis japoneses, a Penélope Charmosa, a Mulher Maravilha (linda, Linda Carter). As empregadas. Os brasileiros têm empregadas, até os pobres têm empregadas. Sempre tem alguém mais pobre que você e eu ficava sempre com alguma empregada pré-adolescente enquanto meu pai escrevia em um jornal ou revista de Campinas (ou do Vale do Paraíba) e minha mãe estudava para recuperar o atraso devido a gravidez precoce. Estávamos sempre fazendo e desfazendo as malas. Eram tempos de solidão nua. Fragmentos, pesadelos. Mas eu tinha a TV. Minha melhor amiga durante muitíssimos anos: Ultra-Seven, He-Man, Kate Mahoney.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Majestades




Quando você chegou, foi recebida de braços abertos
Jurava me dar amor, ser boazinha e não falar em ir embora

Agora, depois de tanto tempo
Quer partir, sem dizer qual a razão
Não vá, não vá, meu bem
Porque depois, perdão não tem

Pelé e Elis

*

Gols do Pelé
http://www.youtube.com/watch?v=YuPjnWCeL8k&feature=related


não aceitamos fiado

(sob o sol do brasil,
cada gota de sangue
é um samba-canção -
caranguejos, mangue, nação.

doces prazeres sobrenaturais:
fados; fatos; atos.
pequenas gulodices do dia-dia
subnatural em cada átomo.

abridor de latas,
enceradeiras obsoletas,
maria mole & vinil.

pequenos altares - bibelôs
santo antônio, são jorge
judas, zé carioca.

café, cafetinas & pau-
brazil)


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Personal Jesus - Depeche Mode
http://www.youtube.com/watch?v=DNrbiZoKQLU

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A Criança Azul

Brinquedos espalhados na sala. Ela já espera o novo namorado. O filho ficará com a vizinha. Todos escutam o barulho do carro velho chacoalhando na janela. Parece uma Kombi, azul. Vai começar a novela das sete. As luzes apagadas para economizar energia. Só a tevê ligada. A tevê sempre ligada, enquanto a avó do garoto descansa na cama com a ajuda de algum calmante. Nesta altura o menino já apanha da vizinha. Ninguém vai saber e se souber ninguém vai acreditar e se acreditar ninguém vai dar bola. Barulho. A velha Kombi. A criança azul. As luzes descansam. A casa dorme.

sábado, 16 de maio de 2009

Fotografias

Utilizo-me aqui de palavras finas, recursos literários e engodos poéticos para dizer aquilo que no fundo tenho medo de dizer com todas as Letras, e, assim suportar a liberdade e a sucessão dos dias e neste dia decidi não chorar. Vacinado, não chorei. Pensei nas bruxas e nos carros de luxo. Os velozes e furiosos nunca vão muito longe. Deslizo agora para a inconsciência: fingidas penas perecíveis cenas tecidas de compaixão trágica. Quando a vida grita: não! A luz do sol vale mais que qualquer pensamento. A arte distrai, o amor cura. O contrário também é válido e até mais usual. Hoje, em dia. Contudo, e, contratudo, sempre haverá o sorriso. O sorriso resume a beleza do mundo. A beleza possível congelada no calor do momento. O desenho das palavras é um descanso para a alma descascada que almeja sonhos. O som das palavras é música, é musa, é macho, é Moisés exasperado no Monte. Sinais. E a música é o mundo. O pensamento matou a Morte. Som é pensamento: materializado, vibrando, viajando no tempo e desprezando ouvidos despreparados para o instante final de um novo começo. Minto: chorei.

Ariel Pádua


* * *

"Uma opinião é uma grosseria, mesmo quando não é sincera."
Fernando Pessoa

"Os fanáticos da lógica são insuportáveis, como as vespas."
Nietzsche

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Você merece

Você deve notar que não tem mais tutu
e dizer que não está preocupado
Você deve lutar pela xepa da feira
e dizer que está recompensado

Você deve estampar sempre um ar de alegria
e dizer: tudo tem melhorado
Você deve rezar pelo bem do patrão
e esquecer que está desempregado

Você merece, você merece
Tudo vai bem, tudo legal
Cerveja, samba e amanhã, seu Zé
Se acabar em teu Carnaval

Comportamento Geral
Gonzaguinha


Um verdadeiro fenômeno
http://www.youtube.com/watch?gl=BR&feature=topvideos&v=BfhXGltMwu8

segunda-feira, 11 de maio de 2009

vagão vip

espero o próximo trem para as estrelas mas quero viajar de primeira classe no melhor vagão junto com todos os poetas e todas as cantoras a melhor festa da galáxia talvez eu convide a sonia braga e a selma light todos os anjos terão pulseirinhas vip santos e deuses não serão convidados são muito santos e trágicos não combinam com festa já ia me esquecendo da elke maravilha e da pequena maisa que vai precisar de uma autorização especial da justiça

rock das baratas

no vazio da noite
baratas passeiam pela casa
em busca de restos orgânicos
rodox mata bem morto
rodox é nome de banda
rock evangélico (?!)

as baratas passeiam livres
em busca de farelos
instinto vital a mil elas serão
a nova civilização de 2025
não me pergunte o porquê
apenas pressinto

sábado, 9 de maio de 2009

Ninguém coloca a Baby de lado


Roteiro mela-cueca, atuações toscas, mas a última cena compensa tudo.
Todo o filme é a última cena: diálogos, música e coreografia geniais.

Dirty Dancing - Dança Final


Embromation Society

Enfiar a cabeça numa abstração-punk-de-butique pode ser um excelente disfarce carnívoro, predador e nojento. Eu tô lendo um livro que diz que as primeiras gripes surgiram dos rebanhos, são um resultado dos rebanhos. Seriam as gripes e outros vírus meros resultados do comportamento geral do homem que criou a roda, o plástico, a bomba atômica, a poesia, o céu, o inferno e a arte? Este mesmo livro (um bestseller do momento) diz que o macaco desenvolveu a inteligência e virou um ser humano, provavelmente, devido aos ácidos graxos presentes na carne que ele passou a comer. Tenho dó dos bichinhos. Mas não vou deixar de comer carne, passei a comer menos, bem menos, me sinto mais leve e tal. O gosto é bom e posso morrer a qualquer momento. E nesse exato momento tem gente morrendo, passando fome em várias partes do mundo. Acho uma babaquice essa história de “vamos salvar o mico leão dourado”. Vamos começar pelas crianças, douradas, abandonadas? Sei que não sou um anjo, mas não sei fazer nada além de falar e escrever. Estou até disposto a aderir a alguma causa, mas preciso analisar os efeitos, mas isto, claro, depois de salvar minha própria pele. Até lá temos um caminho nem sempre suave. A paz me absolve. As pessoas perfeitas já nascem mortas. Viver é errar. Escrever é expressar leves noções desconexas, fragmentadas de um todo impossível. Estou feliz agora. Repito: agora. Mas não deixo de lembrar e, além disso, não existe poema feliz. “Os insatisfeitos que se mudem, a voz do povo é a voz de deus, o cliente sempre tem razão”. E antes de existir, ele já tem um nome. E antes de pensar, ele vai ser médico. “Mas olha que gracinha com a camisetinha do Corinthians!”.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

História com H

Esta história não é uma história porque não é linear, não é dividida em três Atos e, semanticamente, não é história nem estória. Não tem rosa nem romance. Não pertence a mim. Não pertence aos homens, menos ainda às mulheres que são um subproduto da civilização, contudo, são o centro, o óbvio, o útero, a matriz. Mesmo assim, por alguma razão que Freud complicou, Kafka confundiu e Clarice bem que tentou clarear, Elas estão, de modo geral, fora dos livros, a margem da “história” e agora uso aspas para deixar nítido que a história não é a história e que 1 + 1 não é igual a 2 e a mulher representa este processo do mundo, da lua, de gerar vida e aconchego no mundo da caça e do caçador. E, agora, a civilização com suas novas tecnologias e facilidades, resultado da “história dos homens” deixou a mulher novamente a margem, mas dessa vez sem função. Se antes a mulher era a rainha do lar, agora não é rainha nem da cocada preta, escrava, costela. E o poder ainda nas mãos dos “homens”: agora versões andróginas, mulheres com pênis, poder e pavio curto. Mamilos só de enfeite. Belos, egocêntricos, dominadores (como muitas mulheres-mulheres, é verdade), mas os homens-mulheres são todos os homens, de todas as épocas. Fenomenais jogadores de futebol, eleitos por comentaristas de TV, que nas horas vagas divertem-se com outros homens-mulheres (ou mulheres-homens). E a conclusão disso tudo é que estórias mal contadas, se muito contadas tornam-se verdades universais, perfeitas. Mas na verdade tudo não passa de ilusão de ótica. Pura ilusão de ótica se o que nos separam são apenas pequenos acessórios biológicos e roupas. Roupas. Adoro jiló. A vírgula é minha, coloco onde quero. O homem-homem é um produto da guerra, da força física (hoje, mantida nas academias de musculação). A tecnologia torna todos os seres equivalentes e igualmente desimportantes para o curso da história. Com ou sem h.

domingo, 3 de maio de 2009

Café da Manhã em Plutão



Um lindo filme que trata ao mesmo tempo de questões políticas, religiosas, morais e sexuais com um tom lúdico e sentimental, sem cair na tentação do maniqueísmo. Um garotinho (bebê) é abandonado pela própria mãe em frente a casa de um Padre na Irlanda. Em meio a conflitos pessoais e a turbulências político-religiosas do país o garoto, que agora é uma “garota”, vai à busca da sua mãe em Londres, mas acaba encontrando seu verdadeiro “Pai” (Father, Padre).


A questão Irlanda x Vaticano foi mencionada em outro post deste blog.
http://curtosprazeres.blogspot.com/2009/03/preservativos.html

Retilíneo e Uniforme

Nenhum esforço em conter o fluxo de pensamentos nus em praça pública. Oceanográficas sereias, deusas, cantoras e mães histéricas: atrizes. Em minha mente toca uma música de idéias harmoniosas e indefinidas. Meu corpo é meu próprio templo de sonho e prazer em conhecê-lo. Você vem sempre aqui? Volte sempre, mas bata antes de entrar. Fique a vontade, só não mexa em nada. Deixe tudo como está. Exatamente como estava antes de você chegar. Deixe estar. Tudo vai passar. Alguém ficará para contar carneirinhos? Até você chegar e tornar tudo real? Com apenas um toque, um choque. Dois corpos podem ocupar o mesmo espaço: na cama. Mudança é movimento, é sentir-se pleno de liberdade estática, é espirrar ao sol, é saber acordar, saber acordar. Viu, desencana, peguei pesado, vamos começar tudo outra vez? Esqueça a guilhotina do amanhã, deixe de esperar e sinta a brisa da noite tocando sua face, agora, feliz.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Underground

Quando percebo que não sou nada, que não sei nada (mas insisto em saber, insisto em saber) e que minha criatividade parte sempre da angústia, mesmo que resulte em comédia, mesmo que resulte num final feliz forçado e a criança que nunca fui se mistura com o adulto que nunca serei, me dou conta de que o tempo é só um conceito fora de contexto e há quem saiba brincar com ele, mas é tudo tão inviável, ilógico, tristemente mágico (truques). A vida é um paradoxo sem nenhum sentido. Só existe o agora. Só existe o Novo novo novo Rock. A nova cena underground de Moscou. O café acabou. Deve ser porque estudei em escola pública. Deve ser porque sou filho de pais separados. Talvez sete anos de terapia resolva, ou sete anos no Tibet, ou contemplar as sete cores do arco-íris num dia de sol e chuva. Talvez seja apenas falta de cafeína. O café move moinhos, montanhas e mundos: é a droga do capitalismo e o capitalismo é o que tem pra hoje, desde que derrubaram o muro que separava as idéias. Outros muros foram construídos depois só para separar pessoas, de outras cores, com outras roupas. Mas são só as roupas. Todas elas pensam da mesma forma e rezam para o mesmo Deus e brigam como irmãos brigam pela mistura e para sentar no banco da frente do Fusca Laranja. Todos querem sentar no banco da frente. Irmãos brigando pelo banco da frente.

***

A garotinha mais pop/underground (qual a diferença?) do planeta em mais uma peripécia.

A Bexiga Rosa do João
http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=DmGINOtavrM

Sorriso Pintado

A gente quer alguém especial, mais especial que os outros. A gente quer um pouco de repouso. A gente não quer ser eternos caçadores. Fingir que é feliz é sempre muito mais triste. O palhaço é triste, pois seu sorriso é pintado. Debaixo da maquiagem tem um velho pobre, triste e nômade.