segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O Mistério

Daniel Araújo

A igreja e a psicanálise levam os sonhos para o campo da razão. Mas não há mais tempo para teorizar resíduos. Sonho é resíduo, é resto, é, portanto, lixo. O universo, numa tradução literal, significa “canção única” (único verso, única canção). Este “universo” é feito de sons e ondas que se cruzam e trocam informações. A tecnologia nada mais é que uma tentativa de recriar a natureza pelas mãos humanas. Antes da roda já havia a Terra, imensa e redonda, girando cheia de mistérios e informações de difícil (talvez impossível) compreensão pela mente humana animal em processo evolutivo. Mas que mal há na dúvida? Aceitar o mistério é um luxo para poucos. Todos buscam freneticamente respostas para todas as externalidades quando todas as possíveis respostas só podem ser encontradas dentro de nós mesmos: no silêncio, na pausa, na respiração e não na razão inventada a cada estação que pode levar ao erro. A verdade, se é única como dizem, só tem um nome: Amor. Simples e sem explicação. “Viver ultrapassa qualquer entendimento.” – já dizia Clarice. O Amor (em todas as suas formas) é real, pois dispensa explicações. Todas as teorizações levam a eternos debates, mas o Amor, este, é indiscutível porque é verdadeiro em cada célula, em cada átomo, em cada ato.

Ariel

domingo, 24 de janeiro de 2010

Do Orgulho ao Amor ou da Razão à Fé

Daniel Araújo


O ser humano viciou-se no verbo alterar. O ser humano viciou-se em alterar suas percepções do mundo. É por isso que metade do mundo é viciada em drogas e a outra metade é viciada na religião. É por isso que todos, sem exceção, são viciados em jogar. Jogar é seduzir. Jogar é trapacear. Sorte no jogo, sorte no amor. A realidade, vírgula, parece ao homem (ou a mulher!), real demais pra ser verdade, ou, verdadeira demais pra ser real. Falar é emitir sons com (ou sem) sentido que são imediatamente decodificados por outra pessoa. Pessoa apenas no sentido literal. Que fique claro! Como se pessoas pudessem caber em meia dúzia de frases viciosas, viciantes como no jogo, ou seja, o vício no perde e ganha que traz o caos para o homem (ou a mulher!). Há leis no mundo que não podem ser alteradas. Há regras universais. É por isso que nascemos e, é por isso que morremos. Como pássaros presos em uma gaiola, podemos escolher: receber a luz ou ficar no cantinho, nas sombras. A luz é o livre arbítrio. A única solução para o vazio da razão no sentido de fé no nada. O livre arbítrio é sinônimo de liberdade de pensar. Liberdade de se deixar ser julgado, sempre, é claro, com um sorriso no rosto daqueles quem vem do coração.

Ariel Pádua

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

eu-e-você


cada palavra tinha pra ela um sentido sexualmente execrável como noites mal dormidas e cervejas estragando fora da geladeira sem falar no tédio chuvoso e da preguiça de fazer macarrão ouvindo qualquer coisa que parece música mas não parece novidade só o vento fresco sempre igual e sempre novo na janela de teresa dava pra ver sua lista de contatos no modo invisível covardes escondidos de si mesmos quem sabe a gente pega um cineminha mais tarde a gente vai pra casa a gente eu-e-você a gente dá um rolê ou espera acontecer de uma carta entrar por baixo da porta talvez mais propaganda pentecostal ou um rombo na conta do novo rambo do cinema nacional que é branco e mata bandidos da mesma favela onde mora depois de cheirar um certo pó de arroz percebe uma linha de expressão e um certo ar de sabichão que não sabe nada além do óbvio destino de todas as teresas tesudas ou não


Ariel

sábado, 2 de janeiro de 2010

Passou



Seu namoro durou menos que a fama da Lady Gaga e suas frases curtas do Twitter já não tinham mais graça e todos os seus cedês do Oasis não valiam mais nada no Mercado Livre quando a Som Livre já tinha falido foi então que percebeu a eletrostática imagem do seu rosto vencido no espelho mágico dos vampiros falidos do Morumbi daí exibiu um olhar excludente como o sorriso do Serra.

Ariel