quarta-feira, 7 de julho de 2010

caracteres

dum jeito só meu
prosaico rabisco crenças
té botar no papel
toda vida já foi
dissolvida

num copo num corpo
único e duplo

como perceber objetos
de desejo dizer dizeres
sim não obrigado
passa semana que vem

dum jato só ir
do pensamento à
ação já tão cúmplice
da emoção

seja ela o sereno
suor da cidade será
sempre uma casa
espelhada


ariel

domingo, 4 de julho de 2010

Débito Automático

A burguesia, com todo o seu padrão de comportamento e força criativa, poder de sedução e necessidade de constante inovação – muitas vezes substituída por um simulacro de novidade –, é mais que encanto, é vital para o sistema de trocas monetárias, ou se preferirem, digitais.

Pensamentos letais: ligar a TV ou bater um bolo? Talvez, o bolo primeiro e a TV depois. Dá nos nervos nego, dá nos nervos esse show perfeito mecânico, messiânico, equalizado, padronizado, neutro e cínico. É o show do marketing (político) e sua venda desenfreada de ideais de felicidade.

Mas a grana precisa, sobretudo e sempre, da imaginação, da abstração, da tela em branco, da falta de explicações, do mágico, do religioso, do encantamento. Assim como o luxo precisa do lixo, amigos inseparáveis.

Todos querem se livrar do lixo, mas ninguém quer perder o luxo. Ou, melhor dizendo, ninguém quer perder. Mas todos perdem. Trata-se de uma operação sistemática de subtração. E o resto do resto, é o espetáculo do espetáculo, ou seja, as cinzas.

Ariel Pádua