sábado, 24 de abril de 2010

Cabeça de Rádio

Revoltado como quem é acordado de um sonho perfeito, o menino procurou os cacos embaixo da mesa quadrada. Quatro patas, no chão, destreinadas. Revoltado, procurou um refrão que consolasse seu coração ferido. Então abriu o seu livro preferido, em qualquer página. Todas diziam o que ele sabia. E, naquele dia, não queria surpresas. Só queria o familiar. Qualquer coisa parecida com barulho de chuva e colo de mãe. Leu duas ou três frases. Sentiu o mundo um pouco mais doce. Olhou-se no espelho. Cansado, fez o sinal da cruz, para, em seguida, beijar levemente a ponta dos dedos. “Om” – cantou de si pra si. E sentiu paz, sentiu amor e outros sentimentos sem tradução, perfeitos e eternos. Foi assim que, nesse dia, o menino rebelde se refez e, novamente, voltou a sorrir.

Ariel

Um comentário:

Ana Garbin disse...

Oi Ariel. Bom moço bonito!
Faz bem ler o q vc escreve...
Bjs, Ana.