Beto tinha três filhas: Lúcia, Sofia e Júlia. Apesar de não saber muito como lidar com as mulheres, e ter sido recentemente trocado por um argentino por sua esposa Clara, Beto tinha algo de mágico que magnetizava suas filhas em torno de sua personalidade leve e encantadora. Perdeu uma mulher, mas tinha três muito fiéis. E todos os seus planos eram questionados e analisados por elas. Mas sempre apoiados em suas versões finais, revisadas e editadas com carinho por Lúcia, Sofia e Júlia. Um time infalível. E foi assim sempre. Até mesmo quando Beto teve alguns relacionamentos passageiros com outros homens. Júlia era entusiasmada com tudo, não via problemas em nada. Sofia era doce e cautelosa. Lúcia era tímida, introspectiva e brilhante nas horas certas. Todas tinham algo em comum: a devoção total ao pai. Essa harmonia nunca se quebrou. A natureza tem dessas coisas indestrutíveis como os diamantes e as baratas. Os quatro tinham uma ligação natural que não era abalada por marolas da vida. Tinham muita sorte também, luz, chame como quiser – essas coisas inexplicáveis. As filhas cresceram. Sofia e Júlia tornaram-se grandes mães como boas ítalo-brasileiras. Lúcia preferiu desbravar um pouco o mundo. Fotógrafa e filósofa, mantinha a família informada de tudo através de cartões postais, e-mails, orkut... Era mais compreensiva com a mãe Clara, claro, Lúcia era meio cigana também, por isso entendia melhor a mãe. E foi justamente Lúcia que ajudou na reconciliação quando Clara, decepcionada com o argentino canalha, quis voltar com Beto – o homem perfeito: na cama, na cozinha, na conta bancária. Clara era instável e egoísta (quem não é?), mas era amável, inteligente e linda demais para Beto dizer não. Beto disse sim. Lúcia acompanhava tudo de longe, brincava de Deus, feliz como nunca.
ARIEL
ARIEL
Um comentário:
O mundo dá voltas.
Há braços!!
PS: obrigado pelo link.
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