Não sei nada do assunto e a experiência directa de haver convivido com porcos na infância e na adolescência não me serve de nada. Aquilo era mais uma família híbrida de humanos e animais que outra coisa. Mas leio com atenção os jornais, ouço e vejo as reportagens da rádio e da televisão, e, graças a alguma leitura providencial que me tem ajudado a compreender melhor os bastidores das causas primeiras da anunciada pandemia, talvez possa trazer aqui algum dado que esclareça por sua vez o leitor. Há muito tempo que os especialistas em virologia estão convencidos de que o sistema de agricultura intensiva da China meridional foi o principal vector da mutação gripal: tanto da “deriva” estacional como do episódico “intercâmbio” genómico. Há já seis anos que a revista Science publicava um artigo importante em que mostrava que, depois de anos de estabilidade, o vírus da gripe suína da América do Norte havia dado um salto evolutivo vertiginoso. A industrialização, por grandes empresas, da produção pecuária rompeu o que até então tinha sido o monopólio natural da China na evolução da gripe. Nas últimas décadas, o sector pecuário transformou-se em algo que se parece mais à indústria petroquímica que à bucólica quinta familiar que os livros de texto na escola se comprazem em descrever…
Em 1966, por exemplo, havia nos Estados Unidos 53 milhões de suínos distribuídos por um milhão de granjas. Actualmente, 65 milhões de porcos concentram-se em 65.000 instalações. Isso significou passar das antigas pocilgas aos ciclópicos infernos fecais de hoje, nos quais, entre o esterco e sob um calor sufocante, prontos para intercambiar agente patogénicos à velocidade do raio, se amontoam dezenas de milhões de animais com mais do que debilitados sistemas imunitários.
Não será, certamente, a única causa, mas não poderá ser ignorada. Voltarei ao assunto.
(O título é meu. O texto é do (meu amigo íntimo, rs) José Saramago.)
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Candy Shop
O rabino Yitzchak de Kamarna usava uma loja de doces como metáfora para a busca espiritual.
Se uma pessoa entra numa loja de doces, que é repleta de balas e bombons, a primeira coisa que o baleiro faz é dar-lhe uma provinha de cada produto, para ver se alguma lhe agrada.
Depois de degustar um pouco de tudo, o cliente seleciona algo, então o vendedor lhe diz: “agora você pagará para comer o que lhe deu tanto prazer”.
Todos nós, no início de qualquer jornada, temos o que se chama de “sorte de principiante”. A amostra grátis da Luz Divina está plantada no coração, acordando ao menor sinal.
Na medida em que escolhemos o caminho, cabe a nós pagar seu preço, se desejamos seguir adiante.
(texto roubado do blog do Paulo Coelho)
domingo, 26 de abril de 2009
Refúgio
O mundo atual passa por uma crise financeira, de valores, de ideologias (ou da falta delas), de choques políticos e religiosos. Para tentar entender este contexto e apresentar novas propostas e saídas é preciso compreender o que se passa. Isso significa interpretar, refletir e questionar.
A simples leitura passiva de entretenimento, pode ser válida na educação infantil, mas como mero passatempo de adultos resulta em mais um modo de alienação. Tanto faz se a leitura é popular ou erudita se não há nesta arte a intenção de provocar a reflexão ou de transformar o leitor em autor da sua própria história de vida, um transformador da realidade ao seu redor.
Portanto, a leitura crítica é fundamental na formação de cidadãos conscientes e ativos e torna-se ainda mais importante em tempos de crises e de falta de perspectivas. O pensamento vem antes da ação. Sem uma estratégia, uma meta, um sonho, o ser humano torna-se um mero escravo do sistema vigente.
A leitura liberta e apresenta novas possibilidades pessoais e comunitárias. Até mesmo os escravos, que eram privados dos livros, tinham seus líderes que por alguma razão tiveram acesso a algum conhecimento extra, possuíam boa oratória e poder de convencimento.
Sem o conhecimento proveniente dos livros, do debate de idéias, da filosofia, da sabedoria de vida, pessoas prendem-se a informações propagadas pela mídia e pelas igrejas (órgãos sempre duvidosos devido aos interesses comerciais e políticos). Com isso, as pessoas ficam a mercê dos fatos e, sem um refúgio no “mundo das idéias”, não é possível sonhar, apenas aceitar o fim.
Ariel Pádua
A simples leitura passiva de entretenimento, pode ser válida na educação infantil, mas como mero passatempo de adultos resulta em mais um modo de alienação. Tanto faz se a leitura é popular ou erudita se não há nesta arte a intenção de provocar a reflexão ou de transformar o leitor em autor da sua própria história de vida, um transformador da realidade ao seu redor.
Portanto, a leitura crítica é fundamental na formação de cidadãos conscientes e ativos e torna-se ainda mais importante em tempos de crises e de falta de perspectivas. O pensamento vem antes da ação. Sem uma estratégia, uma meta, um sonho, o ser humano torna-se um mero escravo do sistema vigente.
A leitura liberta e apresenta novas possibilidades pessoais e comunitárias. Até mesmo os escravos, que eram privados dos livros, tinham seus líderes que por alguma razão tiveram acesso a algum conhecimento extra, possuíam boa oratória e poder de convencimento.
Sem o conhecimento proveniente dos livros, do debate de idéias, da filosofia, da sabedoria de vida, pessoas prendem-se a informações propagadas pela mídia e pelas igrejas (órgãos sempre duvidosos devido aos interesses comerciais e políticos). Com isso, as pessoas ficam a mercê dos fatos e, sem um refúgio no “mundo das idéias”, não é possível sonhar, apenas aceitar o fim.
Ariel Pádua
soneto sem sombra (de dúvida)
pendurado em minha pessoa
crucificada nas minhas próprias
dívidas e dúvidas traidoras
que nunca me deixam acordar
saio pela noite agridoce
ruas sem saída bem iluminadas
artificialmente a madrugada
promete um dia de sol e liberdade
papa não faça sermão!
mamãe mamãe não chore
a vida é assim mesmo
pés na estrada e navalha na mão
jogos de moralidade?
finjo alegria na carne
crucificada nas minhas próprias
dívidas e dúvidas traidoras
que nunca me deixam acordar
saio pela noite agridoce
ruas sem saída bem iluminadas
artificialmente a madrugada
promete um dia de sol e liberdade
papa não faça sermão!
mamãe mamãe não chore
a vida é assim mesmo
pés na estrada e navalha na mão
jogos de moralidade?
finjo alegria na carne
desatados
todas as experiências
são erros
os acertos são geralmente
ocasionais
normalmente vergonhosos
não existe um deus para cada um
o egoísmo faz o mundo girar
enquanto a natureza se vinga
desfazendo os nós
do macaco que come carne
e pensa que é gente
são erros
os acertos são geralmente
ocasionais
normalmente vergonhosos
não existe um deus para cada um
o egoísmo faz o mundo girar
enquanto a natureza se vinga
desfazendo os nós
do macaco que come carne
e pensa que é gente
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Uma pátria e uma família
No ano em que todas as bocas foram impedidas de falar, no ano que foi todo ele uma noite de terror, esses jornais (únicas bocas que ainda falavam) clamavam pela liberdade de Pedro Bala, líder da sua classe, que se encontrava preso numa colônia.
E, no dia em que ele fugiu, em inúmeros lares, na hora pobre do jantar, rostos se iluminaram ao saber da notícia. E, apesar de que lá fora era o terror, qualquer daqueles lares era um lar que se abriria para Pedro Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família.
Capitães da Areia
Jorge Amado
Eu fico com a pureza das respostas das crianças
E, no dia em que ele fugiu, em inúmeros lares, na hora pobre do jantar, rostos se iluminaram ao saber da notícia. E, apesar de que lá fora era o terror, qualquer daqueles lares era um lar que se abriria para Pedro Bala, fugitivo da polícia. Porque a revolução é uma pátria e uma família.
Capitães da Areia
Jorge Amado
Eu fico com a pureza das respostas das crianças
É a vida, é bonita e é bonita...
Gonzaguinha
Você me abre seus braços e a gente faz um país
Marina Lima e Antonio Cicero
Gonzaguinha
Você me abre seus braços e a gente faz um país
Marina Lima e Antonio Cicero
segunda-feira, 20 de abril de 2009
O mundo num click
Apenas três décadas após o seu surgimento, a internet já se tornou o principal meio de comunicação entre as pessoas e as empresas de todo o mundo. Alguns fatores contribuíram para este rápido crescimento: o mais evidente deles é, sem dúvida, o eterno desejo do homem pela máxima facilidade e comodidade.
A internet é, antes de tudo, uma infinita biblioteca virtual, mundial e sem fronteiras. É também a grande rede de comunicação para onde todas as tecnologias se convergem, facilitando relações pessoais e comerciais, encurtando distâncias e tempos.
Devido a esta fantástica capacidade de conectar pessoas e armazenar informações, tornando-as facilmente acessíveis (teoricamente) de qualquer ponto do mundo por meio de sons, imagens e textos, a internet tornou-se a principal forma de intercâmbio cultural, comercial e pessoal da atualidade.
Como toda tecnologia criada pelo homem, a internet também tem o seu lado negativo: golpes virtuais, pedofilia, espionagens políticas e corporativas. Além de promover a falsa idéia de que tudo está disponível: produtos ou pessoas, basta um “click”.
Nos sites de relacionamentos, pessoas transformam-se em “produtos numa prateleira”. É justamente esta ânsia pela facilidade, pelo efêmero, que ofusca o que a internet tem de melhor: toda a riqueza cultural do mundo acessível a todos.
A internet é, antes de tudo, uma infinita biblioteca virtual, mundial e sem fronteiras. É também a grande rede de comunicação para onde todas as tecnologias se convergem, facilitando relações pessoais e comerciais, encurtando distâncias e tempos.
Devido a esta fantástica capacidade de conectar pessoas e armazenar informações, tornando-as facilmente acessíveis (teoricamente) de qualquer ponto do mundo por meio de sons, imagens e textos, a internet tornou-se a principal forma de intercâmbio cultural, comercial e pessoal da atualidade.
Como toda tecnologia criada pelo homem, a internet também tem o seu lado negativo: golpes virtuais, pedofilia, espionagens políticas e corporativas. Além de promover a falsa idéia de que tudo está disponível: produtos ou pessoas, basta um “click”.
Nos sites de relacionamentos, pessoas transformam-se em “produtos numa prateleira”. É justamente esta ânsia pela facilidade, pelo efêmero, que ofusca o que a internet tem de melhor: toda a riqueza cultural do mundo acessível a todos.
Rainha da Galáxia
Digam o que quiserem, mas a Luana Piovani é a mulher mais bonita do Brasil. E não é só linda. É muito chata também, no bom sentido. Não abaixa a cabeça pra Globo, produz peças teatrais, tem atitude, namora quem quer, apanha do namorado, mas não apanha da vida.
Eu só queria que o cinema brasileiro fosse mais ousado e soubesse honrar nossas "divas" e nossos grandes atores como Milton Gonçalves e Glória Pires. Mas sem imitar o cinema americano, sem cair no bang-bang Direitista ou em comédias românticas que só servem pra encher o bolso do competente Daniel Filho.
Queria ver algo diferente que se tornasse "cult" com o tempo, como o genial Barbarella com a Jane Fonda no auge da sua beleza. Eu queria aquela essência dos primeiros filmes do Cacá Diegues ou dos Trapalhões. Um pouco de pureza e malícia, um pouco do piegas colorido brasileiro.
Queria ver nas telas um pouquinho de Brasil na fotografia, na música, na condução da câmera. Capitães da Areia: poderia vir a ser o maior filme de todos os tempos nas mãos de um grande diretor apaixonado e obstinado. Fernando Meirelles, Walter Salles, Ang Lee? Devaneios midiáticos.
Será que um dia chegaremos lá? Por enquanto, estamos perdendo pra Argentina de 3 x 0. O cinema atual deles é melhor que o nosso. Que eu saiba, os livros de Geografia deles não vêm com os mapas errados. E, de lambuja, já elegeram uma Presidenta antes de nós.
*
Madonna e a vida real
*
Luana e o cinema nacional
sexta-feira, 17 de abril de 2009
O Mestre dos Magos
A mentalidade antiga formou-se numa grande superfície que se chamava catedral; agora forma-se noutra grande superfície que se chama centro comercial. O centro comercial não é apenas a nova igreja, a nova catedral, é também a nova universidade. O centro comercial ocupa um espaço importante na formação da mentalidade humana. Acabou-se a praça, o jardim ou a rua como espaço público e de intercâmbio. O centro comercial é o único espaço seguro e o que cria a nova mentalidade. Uma nova mentalidade temerosa de ser excluída, temerosa da expulsão do paraíso do consumo e por extensão da catedral das compras. E agora, que temos? A crise. Será que vamos voltar à praça ou à universidade? À filosofia?
José Saramago
José Saramago
domingo, 12 de abril de 2009
fallcidade
a velha burguesia
não tem brilho nem cor
passeia de sobretudo preto
com seus filhos branquinhos
na avenida angélica
a nova burguesia compra a veja
mas não vê nada
tem a culpa nos olhos
o brilho labial nas patricinhas
tudo tem cheiro de môfo
daslu morumbi interlagos
vinte e cinco pinheiros
frei caneca augusta
tudo é esgoto a céu aberto
na falsa cidade
de praças cercadas
de apartamentos bem decorados
a história dos homens acabou
a era de aquários não chegou
o fim está próximo meu bem
fique tranquilo
vamos passear no cemitério
da consolação e comer doritos
não se iluda meu amor
estamos todos fritos
*
http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=QwJ9i6thSJQ
não tem brilho nem cor
passeia de sobretudo preto
com seus filhos branquinhos
na avenida angélica
a nova burguesia compra a veja
mas não vê nada
tem a culpa nos olhos
o brilho labial nas patricinhas
tudo tem cheiro de môfo
daslu morumbi interlagos
vinte e cinco pinheiros
frei caneca augusta
tudo é esgoto a céu aberto
na falsa cidade
de praças cercadas
de apartamentos bem decorados
a história dos homens acabou
a era de aquários não chegou
o fim está próximo meu bem
fique tranquilo
vamos passear no cemitério
da consolação e comer doritos
não se iluda meu amor
estamos todos fritos
*
http://www.youtube.com/watch?gl=BR&v=QwJ9i6thSJQ
Redondamente Enganados
Loucos os que buscam
GRANDEZA
No país onde nada
Se discute.
Porque não é de costume.
Rasgo a etiqueta,
Licença poética.
Rasgo o verbo:
Licença bétia!
Permito-me ser uma cópia
Mais fácil,
Traduzível: pra ninguém.
Mais um número.
Mais uma pessoa.
Sendo assim, se há fim ou não há fim,
Não to a fim de saber.
E já não estou mais assim
Tão superafim de mim.
Só me interessam os versos livres,
As rimas pobres e as perguntas
Sem respostas.
As verdades perfeitas da Terra quadrada
Custaram a cabeça redonda de muita,
Mas muita gente.
GRANDEZA
No país onde nada
Se discute.
Porque não é de costume.
Rasgo a etiqueta,
Licença poética.
Rasgo o verbo:
Licença bétia!
Permito-me ser uma cópia
Mais fácil,
Traduzível: pra ninguém.
Mais um número.
Mais uma pessoa.
Sendo assim, se há fim ou não há fim,
Não to a fim de saber.
E já não estou mais assim
Tão superafim de mim.
Só me interessam os versos livres,
As rimas pobres e as perguntas
Sem respostas.
As verdades perfeitas da Terra quadrada
Custaram a cabeça redonda de muita,
Mas muita gente.
quinta-feira, 9 de abril de 2009
o escravo que escreve
o escravo que escreve
sente o mesmo vazio
do nano, do micro e do pequeno
burguês na fila do banco
o escravo que escreve
só coloca mais fogo
na lenha que não apaga
nem com chuva nem fumaça
sou carcaça
sou corpo
sou energia
sou ilusão de ótica
o que sou é tudo
o que sou é nada
o escravo que escreve
erra a senha
só acende a brasa
só gosta das perguntas
o escravo que escreve
mora na filosofia
enxerga o horror
mas acredita no amor
sente o mesmo vazio
do nano, do micro e do pequeno
burguês na fila do banco
o escravo que escreve
só coloca mais fogo
na lenha que não apaga
nem com chuva nem fumaça
sou carcaça
sou corpo
sou energia
sou ilusão de ótica
o que sou é tudo
o que sou é nada
o escravo que escreve
erra a senha
só acende a brasa
só gosta das perguntas
o escravo que escreve
mora na filosofia
enxerga o horror
mas acredita no amor
Eva Mitocondrial
Se foi Eva quem surgiu de Adão, por que os homens têm mamilos?
Qual é o propósito de tê-los se eles não tem finalidade alguma?
Outra coisa, Adão tinha umbigo?
*
Em 1986, pesquisadores da Universidade da Califórnia concluíram que todos os humanos eram descendentes de uma única mulher que viveu na África há cerca de 150 mil anos, que passou a ser chamada de Eva Mitocondrial. Eles se basearam na análise do DNA retirado das mitocôndrias, que difere do DNA do núcleo da célula e é transmitido apenas pela linhagem feminina. Ele sofre mutações em rápidas proporções, e só é transmitido pela linhagem feminina.
sábado, 4 de abril de 2009
higiênica polis
versos livres rimas
pobres zinhos filhos de zeus
acordados e já
carimbados
leros, liras e lábios
trágicos
humanos desatados
abrindo mares
(mosaicos prosaicos)
contando a estória
ao seu bel-prazer
bonitinhos & ordinários
abstratos / naturais
magicamente imperfeitos
escolhidos (a dedo)
de sim em sim
de não em não
acalento e atormento
2 ou 3 almas
vou pro passado
só vejo o deserto
sinto nos ossos
os olhos de deus
fico a mercê dos mercenários
à deriva no mar vermelho
da demo cracia crucial
cínicos & hipócrita$, mateus!
deixa eles!
*
A palavra "mosaico" tem origem na palavra grega mouseîn, a mesma que deu origem à palavra música, que significa próprio das musas.
Mouseîn, Moisés, musa, música, museu. Tudo tão parecido, não é?
É gozado como uma cultura se apropria de outra e a nega ao mesmo tempo.
Demo (povo grego) na Bíblia virou Demônio. A democracia então é o governo do demônio?
Circuncizar crianças é menos agressivo que a pedofilia católica?
Pronto. Falei.
*
"Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."
Capitães da Areia
Jorge Amado
pobres zinhos filhos de zeus
acordados e já
carimbados
leros, liras e lábios
trágicos
humanos desatados
abrindo mares
(mosaicos prosaicos)
contando a estória
ao seu bel-prazer
bonitinhos & ordinários
abstratos / naturais
magicamente imperfeitos
escolhidos (a dedo)
de sim em sim
de não em não
acalento e atormento
2 ou 3 almas
vou pro passado
só vejo o deserto
sinto nos ossos
os olhos de deus
fico a mercê dos mercenários
à deriva no mar vermelho
da demo cracia crucial
cínicos & hipócrita$, mateus!
deixa eles!
*
A palavra "mosaico" tem origem na palavra grega mouseîn, a mesma que deu origem à palavra música, que significa próprio das musas.
Mouseîn, Moisés, musa, música, museu. Tudo tão parecido, não é?
É gozado como uma cultura se apropria de outra e a nega ao mesmo tempo.
Demo (povo grego) na Bíblia virou Demônio. A democracia então é o governo do demônio?
Circuncizar crianças é menos agressivo que a pedofilia católica?
Pronto. Falei.
*
"Vestidos de farrapos, sujos, semi-esfomeados, agressivos, soltando palavrões e fumando pontas de cigarro, eram, em verdade, os donos da cidade, os que a conheciam totalmente, os que totalmente a amavam, os seus poetas."
Capitães da Areia
Jorge Amado
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