sábado, 9 de maio de 2009

Embromation Society

Enfiar a cabeça numa abstração-punk-de-butique pode ser um excelente disfarce carnívoro, predador e nojento. Eu tô lendo um livro que diz que as primeiras gripes surgiram dos rebanhos, são um resultado dos rebanhos. Seriam as gripes e outros vírus meros resultados do comportamento geral do homem que criou a roda, o plástico, a bomba atômica, a poesia, o céu, o inferno e a arte? Este mesmo livro (um bestseller do momento) diz que o macaco desenvolveu a inteligência e virou um ser humano, provavelmente, devido aos ácidos graxos presentes na carne que ele passou a comer. Tenho dó dos bichinhos. Mas não vou deixar de comer carne, passei a comer menos, bem menos, me sinto mais leve e tal. O gosto é bom e posso morrer a qualquer momento. E nesse exato momento tem gente morrendo, passando fome em várias partes do mundo. Acho uma babaquice essa história de “vamos salvar o mico leão dourado”. Vamos começar pelas crianças, douradas, abandonadas? Sei que não sou um anjo, mas não sei fazer nada além de falar e escrever. Estou até disposto a aderir a alguma causa, mas preciso analisar os efeitos, mas isto, claro, depois de salvar minha própria pele. Até lá temos um caminho nem sempre suave. A paz me absolve. As pessoas perfeitas já nascem mortas. Viver é errar. Escrever é expressar leves noções desconexas, fragmentadas de um todo impossível. Estou feliz agora. Repito: agora. Mas não deixo de lembrar e, além disso, não existe poema feliz. “Os insatisfeitos que se mudem, a voz do povo é a voz de deus, o cliente sempre tem razão”. E antes de existir, ele já tem um nome. E antes de pensar, ele vai ser médico. “Mas olha que gracinha com a camisetinha do Corinthians!”.

2 comentários:

Alaor Ignácio disse...

Alô, Ariel
Gostei do seu texto: objetivo e panfletário. Show!
Abração,
Alaor Ignácio

Ariel Pádua disse...

Alô, Alaor! :)
Obrigado pelo elogio, onde quer que vc esteja! :D
As vezes é preciso "rasgar o verbo" mesmo. O termo "panfletário" não me incomoda de maneira nenhuma, mas ficou martelando na minha cabeça. Um dia escrevo algo sobre. Ou simplesmente enfio a palavra no meio.
Tenho textos mais "antigos" um pouco mais sutis e subjetivos tbm. Talvez meu estilo seja não ter estilo. A mensagem é mais importante. Mesmo que eu mude de idéia amanhã. Tudo muda.
Abraço!