Esticou o braço esquerdo e, um pouco irritado, desligou o rádio-relógio. O poster da Lucélia Santos na parede tinha pra ele o valor da Monalisa. Ajeitou o terno e as ombreiras em frente ao espelho. Aquele dia seria um dia como outro qualquer, em Cubatão ou Calcutá. Atravessou a cidade com seu Monza do ano em direção à fábrica de brinquedos eletrônicos onde trabalhava. A televisão era a nova igreja e as crianças o novo mercado consumidor dos anos 80. No toca-fitas do carro tocava Big in Japan e Cássio cheirava a sua carreira bem no centro de Campinas. Aquele dia foi um dia comum. Nada acontecia na vida de Cássio, enquanto tudo acontecia no mundo a passos largos e traiçoeiros. Um dia Cássio desapareceu junto com o Prince e o Pogobol. No ano do Monza, o Lula perdeu a eleição, o Lobão foi preso e muitos artistas morreram de AIDS. Foi mais ou menos assim. Que Deus Cronos me perdoe! Depois veio a Lambada, o Vanilla Ice derreteu, a inflação acabou, mas todos os meus amigos continuam procurando emprego.
Ariel
domingo, 21 de junho de 2009
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2 comentários:
nossa.....eu visualizei toda cena...toda....até a cor do monza.
boa aula de História da Economia I
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