Abriu a porta da kitnet, cansado e louco, por um banho. Vive feliz na sua caixa de fósforos, com seus quadros baratos e reproduções de obras famosas. Vive feliz com suas flores artificiais e seu peixe beta. Gabriel não tem culpa dessa vidinha besta, e, o condomínio não aceita gatos. É assim que as coisas são hoje em dia. Discos, filmes e livros recheiam a sua vida. O notebook é somente necessário, como um automóvel ou um liquidificador. Jamais uma paixão. As paixões não tem explicação. Gabriel desconfia sempre das pessoas que não tem paixões. No seu quadrado, ele pensa, dança, canta, chora... Gosta de filosofar, fumar um, tocar violão, ouvir Madonna e Bowie com seus amigos, e, festejar, sabe lá o quê. Gabriel é um pouco egocêntrico, é verdade, mas é alegre e bonito, por isso desperta a inveja de meia dúzia. Mas ninguém inveja a sua máquina de escrever Olivetti. O que a meia dúzia não suporta é a sua alegria sem razão, o seu jeito bobo de falar e displicente de se vestir. No Brasil, qualquer pessoa que tenha vários talentos não é bem vista. Porém, ele sabe que não é o Chico Buarque, nem a Maitê Proença. Gabriel simplesmente é. E só tem certeza de duas coisas na vida: que é um cara legal e que faz o melhor omelete do mundo.
Ariel-
Genial.
2 comentários:
risos...
ótimo!
um beijo da Ana
ken park é genial !
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