Entusiasmado, com brilho nos olhos, Pedro Gabriel entrou na sala do chefe da Indústria Sucroalcooleira, e, bastante exaltado (e exausto), finalmente, pediu demissão. Aquilo era muito pouco pra ele. Não foi pra isso que estudou Agronomia e leu todos os livros do Herman Hesse. Para se tornar um neo-capitão-do-mato da Nova Escravidão Branca Nordestina Alcoolizada? Não. Pedro não queria mais aquela vida de gravatinhas, cafezinhos, piadinhas machistas, comentários idiotas sobre esportes, campeonato de panças, Juliana Paes... Pedro queria paz! Aquela realidade, muito próxima, fazia sentir-se culpado. Era uma culpa diferente de comer um bife ou fumar um baseado. Era uma realidade próxima demais, nua, crua e mal passada. Pedro viu amigos de infância, da pequena cidade de Monte Aprazível, morrerem por causa daquela merda toda. E viu gente humilde, de sotaque engraçado, passando fome, cheios de filhos, e outras coisas de embrulhar o estômago. Por isso, no dia 2 de março de 2009, Pedro Gabriel disse o Não mais saboroso da sua vida. Recebeu um bom acerto da empresa e mudou-se para a Suíça – onde tudo é perfeito, tudo funciona, ninguém passa fome, as mulheres e os homens são lindos e os restaurantes são ótimos. É isso que importa! A origem do dinheiro era incerta e distante. Um paraíso fiscal, é verdade. Mesmo assim, um verdadeiro Paraíso.
Ariel Pádua
Ariel Pádua
2 comentários:
Fazia um tempinho que eu n lia o seu blog, falta de tempo! falta de tirar um tempo do dia pra alguns curtos prazeres...
Parabéns continuas ótimo!!!
cada dia melhor.....se sobram palavras, ao menos, todas com sentido amplo!
saudades
mariana
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