segunda-feira, 6 de julho de 2009

Bicicleta Quebrada


Assisto de camarote à futilidade trágica da vida e aos fogos-de-artifícios. Cumpro meus deveres sociais e vivo meu tédio com a dignidade que me foi apresentada. Eu sei, não passar assim tão rápido. Não é só apertão um botão. Foi um furacão. Melhor sair da cidade, esquecer a minha idade e ficar sem bicicleta. A solidão tem o seu preço e o seu prazer possível. Não quero atingir o Nirvana e dar um tiro na cabeça. Prefiro a vida comum e feliz da Julia Roberts. Fale baixo, os vizinhos podem escutar. Vai passar, eu sei, e eu poderia enfeitar este texto com palavras cheias de esperança. Mas não seria honesto hoje. Nada de horizontes e distrações. Só uma parede branca, descascada.


Ariel

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"A minha pergunta será portanto tão simples como as minhas análises: há limites para a indignação?" - José Saramago


http://caderno.josesaramago.org/2009/07/06/critica


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