O relógio do computador marcava quatro da tarde, quando Lucas decidiu pedir demissão. Era um bom funcionário e ganhava bem. Mas já era tempo de voar. Dona Iolanda não se conformava: a distância, os perigos, os motivos. Nada fazia sentido. Seu passarinho ia voar sozinho. Pra longe dela e pra mais perto de si mesmo. Lucas escolheu Goiânia, a cidade não importava, só queria sair dalí e viver uma outra vida. Iolanda chorava culpada. Equivocada. As pessoas são assim, Iolanda, nunca estão satisfeitas. O dinheiro acabou e Lucas voltou. Quebrado, escaldado, mas cheio de estórias pra contar. Abandonou de vez a Terapia e foi fazer Yoga. Lucas já não cabia na carinhosa gaiola de Iolanda. Foi morar com um pessoal aí, outros Lucas, iguais a ele. Até que encontrou uma passarinha e foram bater asas pra outras bandas. Dessa vez, Brasília, foi idéia de Lucas. Voltaram, dois anos depois, pra cuidar da Dona Iolanda. Lucas era jovem, vinte e sete, mas tinha cem anos no olhar. Era fiel à liberdade e ao seu grande amor: Iolanda.
Ariel Pádua
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