Escrever é solitário e solidário. Provavelmente alguém já disse isso, o que não me impede de dizer novamente. Solitário para quem escreve. Solidário para quem lê. A arte deve ser bela. Pode ser digestiva ou embaralhada. Mas o resultado deve ser mágico, encantador. O processo, obviamente, sempre parte do tédio em direção às estrelas. É tudo isso junto, misturado, batido e bebido como um suco e depois esquecido ou transfigurado. Vamos à pequena história de Beatriz. Seis semanas que não saia do quarto. Pela janela, Bia via, carros e pessoas, imagens meramente ilustrativas. As pessoas com as roupas da estação. Lá fora, era o eterno bate-estaca. Ações controladas pelo deus-dinheiro que guia esta caneta Bic e transforma tudo em papinha de bebê. O deus-dinheiro que esmaga a arte e fode a Bia todo dia. De maneira, que a moda é mais um modo de modelar a massa. Beatriz despreza o mundo, a moda, a massa, a mentira e toda maldade que não seja sincera como a das crianças. Trair o mal é honestidade. Não sei o que faço com Bia. Talvez ela corte os pulsos. Talvez controle os impulsos e vá viver lá fora com a roupa da estação. É por isso que este texto vai ficar no zero a zero.
Ariel Pádua
3 comentários:
bem sabemos, tanto que já nos cansa...saber que essa vida lá fora é apenas estamparia!!
cada vez melhor...adoro
mariana
Que tal fazer a Bia virar uma criança novamente!?
"Escrever é solitário e solidário". Eis uma grande verdade (embora eu não goste de usar essa palavra assim, categoricamente). E sim, alguém já disse isso. João Cabral foi um deles, mas você está certo, tudo é um eterno acontecer de novo.
Abraços.
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