Sitiado e situado no vão do esforço de escapar das diárias tentações, tento traduzir em palavras, pensamentos vaidosos, nunca inteiramente entendidos, mas sempre condenados ou elogiados. Um olhar, um sorriso, uma cara de poucos amigos, um nó na garganta: imagens, magicamente assimiladas. As palavras, elas causam embaraço, são arrogantes, previsíveis. Quando saem da boca já não são mais minhas, nem suas, são do mundo e soam banais. Porque elas passam pelo intelecto e quando são interpretadas são rapidamente distorcidas pela “razão”. As imagens, pelo contrário, são engolidas pelo instinto e jogadas no fundo da consciência do “homem”. Por isso, não há como competir com as imagens. Os livros são sagrados porque ninguém lê. O mundo se parece mais com um palco e os palcos mudaram o nosso mundo. A igreja, os palanques, a ópera, o teatro, o cinema, a televisão: palcos da arte do impacto popular que move o planeta. As palavras são em essência pequenos desenhos com sons e significados. Muitos significados. Mas a imagem da bola é a mesma pra todos. Logo, todas as teorias complexas e supostamente bem estruturadas parecem bobagens hipócritas quando contrastadas com os apelos e as selvagerias da vida “real”. Um minuto de silêncio.
Ariel
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